E a Vida Continua

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Poesia - Dia das Mães


    Benção do Céu


    Conta uma lenda antiga que o Senhor
    Veio à Terra formada, certo dia...
    Com tamanhos recursos a dispor,
    O Planeta sentia necessidade de instrução e amor 
    Espíritos humanos, aos milhares,
    Vagueavam sonâmbulos no solo;
    E embora sob a luz dos gênios tutelares,
    Do campo imenso ao íntimo dos mares 
    Viviam em distúrbio, pólo a pólo. 
    Falta a ordem para os elementos,
    Mas o Senhor agindo com presteza,
    Fez a organização da Natureza,
    A envolver toda a Terra na grandeza 
    Dos seus altos e sábios pensamentos. 
    Coube ao Sol a missão de sustentar a vida,
    Atravessando alturas sem vencê-las;
    E, para refazer cada existência em lida,
    A noite recebeu a paz indefinida, 
    Asserenando o mundo ao clarão das estrelas. 
    Foi entregue o limite às linhas do horizonte,
    As árvores florindo em campo aberto
    Deram-se à produção de valores em monte;
    Depois, encarregou-se a bondade da fonte 
    De fecundar o chão e amparar o deserto. 
    A ovelha improvisou os fios do agasalho,
    Reclamou-se da abelha o favo suculento,
    Inventou-se a bigorna para o malho
    Tudo era disciplina, harmonia e trabalho 
    Que o Senhor dirigia calmo e atento. 

    Mas os seres dotados de razão
    Espalharam-se em grupos sobre a Terra...
    Inteligências sob o orgulho vão,
    Separaram-se em muros de ambição 
    E criaram a dor, a violência e a guerra. 
    Vendo o ódio crescer, de segundo a segundo,
    O Senhor os guiou à experiência nova;
    Deu-lhes doce prisão em corpos sobre o mundo,
    Para terem, por si, a paz do amor profundo
    Pelas tribulações e lágrimas da prova.
    Notando-lhes, porém, as blasfêmias e os brados
    De sofrimento e desesperação,
    Viu que na condição de seres encarnados,
    Quase todos, espíritos culpados, 
    Exigiam carinho e proteção. 
    Quem seria capaz de tamanha bravura?
    Doar-se sem pedir? Amparar sem prender?
    Quem seria, afinal? Onde a criatura,
    Cuja afeição se erguesse, até mesmo à loucura, 
    Achando a luz no caos, a sorrir e a sofrer? 
    O Senhor meditou, meditou... Em seguida,
    Separou certa jovem dentre os réus,
    Revestiu-a do amor sem sombra e sem medida...
    A primeira mulher se fez mãe para a vida 
    E o homem se acalmou ante a bênção do Céu.
    Maria Dolores

Nenhum comentário:

Postar um comentário