E a Vida Continua

terça-feira, 29 de novembro de 2011

"SIT": Nova Doença Social...





Numa breve viagem efectuada em serviço profissional, não pude deixar de constatar o mundo que me rodeia, desde o embarque no avião, a viagem, o desembarque, enfim as múltiplas acções e reacções das pessoas na sua interacção social.
Confesso que fiquei preocupado ao aperceber-me de uma nova doença que afecta a sociedade ocidental: chama-se SIT.
Curiosamente, ao ler "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec, verdadeira pérola da literatura mundial, onde está confinada a parte filosófica da Doutrina Espírita (que não é mais uma religião nem mais uma seita, mas sim ciência, filosofia e moral), no seu capítulo VII intitulado "Lei de Sociedade", podemos encontrar questões interessantes:
"766 A vida social está na Natureza?
“Certamente. Deus fez o homem para viver em sociedade. Não lhe deu inutilmente a palavra e todas as outras faculdades necessárias à vida de relação.”
767. É contrário à lei da Natureza o isolamento absoluto?
“Sem dúvida, pois que por instinto os homens buscam a sociedade e todos devem concorrer para o progresso, auxiliando-se mutuamente.”
768.Procurando a sociedade, não fará o homem mais do que obedecer a um sentimento pessoal, ou há nesse sentimento algum providencial objectivo de ordem mais geral?
“O homem tem que progredir. Isolado, não lhe é isso possível, por não dispor de todas as faculdades. Falta-lhe o contacto com os outros homens. No isolamento, ele se embrutece e estiola.”
Homem nenhum possui faculdades completas. Mediante a união social é que elas umas às outras se completam, para lhe assegurarem o bem-estar e o progresso. Por isso é que, precisando uns dos outros, os homens foram feitos para viver em sociedade e não isolados."
O ser humano estimulando a sua inteligência, vai criando e modificando a matéria e o mundo material, tornando-o mais agradável para a sua vida no quotidiano, que por sua vez se torna mais confortável e mais feliz.

“O homem tem que progredir. Isolado, não lhe é isso possível, por não dispor de todas as faculdades. Falta-lhe o contacto com os outros homens. No isolamento, ele se embrutece e estiola.” (Allan Kardec)

Vemos ao longo destes últimos 100 anos, um incremento fantástico ao nível tecnológico, contribuindo sobremaneira para uma maior e melhor qualidade de vida do ser humano. Curiosamente, esta tecnologia ao invés de contribuir para uma partilha saudável  de vivências entre os seres humanos, tem contribuído para um uso desajustado, levando-o ao isolamento.
Paradoxalmente, nestes tempos que deveriam ser de alegria, face ao incremento da tecnologia, a sociedade sofre de grave doença mortal, a solidão, mesmo quando rodeados de uma imensidão de pessoas.
Naquele avião potente, com 200 pessoas a bordo, meditava fascinado no avanço da tecnologia, naquele grande pássaro de ferro rasgando o ar, tranquilamente e, verificava com alguma tristeza, que naquela hora e meia de viagem as 200 pessoas iam, cada uma delas, imersas no seu mundo (com auriculares ouvindo música ou outra coisa qualquer, com computadores trabalhando ou jogando, agarrados interminavelmente aos seus telemóveis e/ou agendas electrónicas, dormindo ou descansando de olhos fechados), ao invés de aproveitarem o tempo para conversarem, fazerem novos conhecimentos, trocarem ideias, partilharem opiniões, enfim, sociabilizarem-se.
Foi aí que me apercebi da grave doença, que se vai instalando silenciosamente, que nos afecta nos dias de hoje: a "SIT" (Solidão, Isolamento e Tecnologia).
Se as novas tecnologias são uma bênção para a humanidade, o seu uso deve ser efectuado com parcimónia, de modo a que o rumo orientador de sociabilização apontado em "O Livro dos Espíritos", nos itens acima referidos, não venham a ser postos em causa por este flagelo que associa a tecnologia ao isolamento e à solidão do ser humano.  
“Não podemos dizer que possuímos três cérebros simultaneamente. Temos apenas um que, porém, se divide em três regiões distintas. Tomemo-lo como se fora um castelo de três andares: no primeiro situamos a residência de nossos impulsos automáticos, simbolizando o sumário vivo dos serviços realizados; no segundo localizamos o domicílio das conquistas atuais, onde se erguem e se consolidam as qualidades nobres que estamos edificando; no terceiro, temos a casa das noções superiores, indicando as eminências que nos cumpre atingir. Num deles moram o hábito e o automatismo; no outro residem o esforço e a vontade; e no último demoram o ideal e a meta superior a ser alcançada. Distribuímos, deste modo, nos três andares, o subconsciente, o consciente e o superconsciente. Como vemos, possuímos, em nós mesmos, o passado, o presente e o futuro.” – André Luiz, capítulo 3, No Mundo Maior, FEB.


Entendendo a casa mental

O estudo deste tema é fundamental em quaisquer assuntos da reforma íntima. É um tema de fácil entendimento e usaremos da ilustração para ajudar a compreensão.
André Luiz fez uma comparação dos níveis mentais com uma casa. O porão é onde guardamos tudo aquilo que poderá nos servir em algum momento. É o armazém ou depósito da mente, denominado pelo autor espiritual como subconsciente, no qual se encontram todas as experiências boas ou infelizes, representando todo o nosso passado desde que fomos criados por Deus. Tudo que nós fazemos é registrado nessa parte da mente.
A parte social da residência é o local no qual mais movimentamos, assim como a cozinha, quarto, sala e demais cômodos mais usados em uma casa. É o nível chamado de consciente e corresponde a todas as operações relativas ao momento presente, constituindo a personalidade atual desde o renascimento na matéria até o momento atual.
O sótão é a parte da casa que mais raramente utilizamos no intuito de relaxar, descansar ou refletir. Representa o superconsciente ou região nobre da mente onde se encontram todos os germens divinos da perfeição, em estado latente. É o nosso futuro.
Na ilustração você pode ver uma relação entre as cores amarelo, branco e preto como sendo superconsciente, consciente e subconsciente e os respectivos andares da casa.
Os três níveis mentais têm correspondência com três áreas da vida cerebral no corpo físico, mas não vamos aqui aprofundar esse aspecto que poderá ser estudado no livro de André Luiz.


Os moradores dos três níveis

Segundo o autor espiritual André Luiz, no subconsciente mora o automatismo e o hábito. No consciente reside o esforço e a vontade e no superconsciente encontramos o ideal e a meta.
A compreensão dos mecanismos de interação entre estes moradores auxilia-nos imensamente entender como se opera o grande objetivo espiritual da reforma íntima.


Conceituando reforma íntima

Essas três partes da vida mental estão em constante interatividade. Do subconsciente partem apelos automatizados que foram consolidados ao longo de várias reencarnações e que podem dominar nossas ações, pensamentos e sentimentos. Por exemplo: quem já tenha fumado em outras reencarnações ou tenha desenvolvido o talento de tocar piano terá impulsos para fumar novamente e grande facilidade para aprender piano na presente existência corporal.

Na reforma íntima, como temos que superar muitos impulsos ou tendências do passado é necessário que os moradores do consciente, ou seja, o esforço e a vontade, sejam manejados decididamente para tomar conta da vida mental e escolher com sabedoria o que queremos fazer, pensar e sentir, diante dos ideais de transformação moral. Aqui temos um primeiro conceito de reforma íntima: a ascendência da vontade e do esforço sobre nossos milenares hábitos cristalizados no subconsciente.
O conflito interior nasce dessa luta entre consciente e subconsciente. É preciso muita disciplina para conter os impulsos, nem sempre nobres, dessa parte subconsciente da vida mental. 
Outro conceito importante de reforma íntima é o aprendizado de despertar os valores divinos que se encontram adormecidos no superconsciente. Educação é exatamente esse ato de extrair ou colocar para fora os tesouros de nossa divindade que se encontram adormecidos nesse nível. Todos nós os temos guardado nesse campo da vida mental superior. Por exemplo: quando buscamos a calma, a alegria, a fé e tantos outros patrimônios espirituais, em verdade todos eles já se encontram no superconsciente. 
A meditação, a oração, o desenvolvimento da honestidade em relação aos nossos sentimentos, o hábito do auto-amor através do cuidado conosco e o serviço do bem são algumas das muitas formas de acessar essa zona mental nobre, e recolher o conteúdo energético que nos fará sentir o bem-estar de uma vida saudável e plena. 

A casa mental e a reforma íntima sem martírio
O estudo da casa mental lança uma luz sobre o tema reforma íntima, porque auxilia-nos a entender que não destruímos nada daquilo que fomos, apenas transformamos para melhor.

O subconsciente não morre, não acaba. Ele faz parte do processo de ascensão do Espírito. Ali estão gravadas as experiências felizes e infelizes e, ambas, serão importantes para seu progresso.
Portanto, focar o conceito da melhoria espiritual ou reforma íntima apenas na ótica de “matar o homem velho” ou exterminar o passado (subconsciente), pode conduzir-nos a um esforço de contenção e disciplina muito acentuado ao ponto de criarmos o martírio.
Mais do que contenção ou repressão, precisamos de educação, isto é, aprender a trabalhar o desenvolvimento das potencialidades que estão no superconsciente. Ninguém faz reforma íntima legítima apenas disciplinando o subconsciente. 
É sobre esse ponto que quero refletir com os leitores e amigos no próximo número da revista, quando desenvolverei a parte 2 deste artigo.
Procure fazer um estudo da obra “No Mundo Maior”, de André Luiz e conjugue-a com a obra “Reforma Íntima sem Martírio”, de Ermance Dufaux. Você verá o quanto aprenderá sobre seu mundo mental em favor da construção de uma pessoa nova e melhor a partir de você mesmo.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011


Depressão e Espiritismo

Por Elizete Schazmann
No mês de março o médico psiquiatra goiano e estudioso da Doutrina Espírita, Umberto Ferreira, esteve em Blumenau para proferir palestra em várias Casas Espíritas. Na Sociedade Espírita Nova Era ele falou, para trabalhadores e estudantes do espiritismo, sobre mediunidade e psiquiatria. Em entrevista ao Informativo Nova Era ele respondeu perguntas sobre os caminhos para sair da depressão.

Nova Era - A depressão é um problema físico, espiritual ou ambos?
Umberto Ferreira - De um modo geral nós podemos dizer que a depressão tem os seus aspectos físicos e os seus aspectos espirituais. Nós costumamos dividir a depressão sob o ponto vista espiritual, em quatro categorias diferentes: a primeira é a depressão reativa que não tem propriamente características espirituais, mas que deriva de grandes perdas; a depressão que aparece como característica expiatória ou provacional, neste caso o espírito reencarna numa família com propensão à depressão como forma de resgatar dívidas do passado; nós temos as depressões desencadeadas por influências espirituais, por obsessões, em função da ação obsessiva a pessoa entra em depressão; finalmente nós temos o caso de espíritos que recusam a vida na Terra como se preferissem viver no mundo espiritual ou se recusam a viver em países do terceiro mundo, pois gostariam de estar vivendo no primeiro mundo, e aí ficam num estado melancólico por não aceitar aquela situação. Portanto, a questão é bastante diversificada.

Nova Era - Então depressão requer tratamento físico e espiritual?
Umberto Ferreira - O tratamento ideal para a depressão é aquele que vincule o tratamento médico, com medicamentos antidepressivos, com psicoterapia, principalmente quando o paciente começa a melhorar, para ajudar na melhora, e a assistência espiritual. O ideal é atuar dessas três maneiras.
Nova Era - Qual o papel da família na recuperação desse paciente depressivo?

Umberto Ferreira - Nós dizemos que papel da família é principalmente de dar apoio, de acompanhar, de estimular a melhora, nunca de cobrar. Muitas vezes a família cobra de quem está deprimido no sentido de reagir e essa cobrança só faz piorar porque ninguém melhor que a pessoa que tem depressão, ninguém mais do que ela deseja reagir para sair daquele estagia. Quando as pessoas cobram aumenta mais a angústia de quem já está num desconforto muito grande. A família deve dar esse suporte, incentivar nessa fase mais difícil e apoiá-la quando ela busca os recurso para melhorar.

Nova Era - Qual o papel da Casa Espírita diante da pessoa com depressão?
Umberto Ferreira - De duas maneiras, uma das formas é através da recepção fraterna. Sabendo que pode conversar com um trabalhador da Casa Espírita a pessoa com depressão sentirá apoio e reconforto com essa atitude. Também com as palestras, os estudos que consolam e dão esperança, o passe, a água fluidificada para ajudar a pessoa na sua recuperação e também o cadastramento da pessoa com depressão nos trabalhos de desobsessão para que elas vem a ser beneficiadas, podendo ficar livres de um processo obsessivo.

Nova Era - Na maioria dos casos o processo obsessivo e a questão da depressão estão associados?
Umberto Ferreira - É muito freqüente, pelo seguinte, às vezes a pessoa tem a depressão de ordem orgânica, biológica, como nós temas aquele espíritos que prejudicamos no passado e que esperam o momento adequado para nos cobrar, esse é o momento em que a pessoa fica fragilizada quando eles fazem o sofrimento se agravar e assim exercer a sua pretensa ação de justiça.

Nova Era - Qual a prática fundamental para quem está com depressão e para a sua família?
Umberto Ferreira - É importante sempre procurar cultivar o bom ânimo, tentar fazer atividades em casa, fazer uma caminhada, uma leitura, lago que a pessoa goste porque isso tudo ajuda. No começo, antes que os remédios fazerem efeito, às vezes é difícil, a pessoa quase não obtém resultado, mas é importante quando os remédios começam a fazer efeito, ela começa a melhorar, isso ajuda muito, é fundamental a leitura edificante como a do evangelho para buscar o equilíbrio no ambiente espiritual. Também é importante saber que este quadro é reversível, por isso é preciso cultivar a esperança, pois é uma questão de tempo para encontrar o medicamento, os recursos espirituais, para ela melhorar. Da mesma foram os familiares devem dar suporte e ter paciência de esperar o momento da melhora e depois procurar dar amparo para que aquele que teve depressão não viva situações de stress para evitar novos episódios depressivos.

Fonte: Informativo Nova Era                               www.se-novaera.org.b

domingo, 20 de novembro de 2011



A Mala de Viagem

Conta-Se sobre Um Homem Que Caminhava Vacilante Pela Estrada, Levando Uma Pedra Numa Mão E Um Tijolo Na Outra. 
Nas Costas Carregava Um Saco De Terra
Sobre A Cabeça Equilibrava Uma Abóbora Pesada. 
Pelo Caminho Encontrou Um Outro Viajante Que Lhe Perguntou : 
- Cansado Viajante, Por Que Carrega Essa Pedra Tão Grande ? 
- É Estranho, Respondeu O Viajante, Mas Eu Nunca Tinha Realmente Notado Que A Carregava. 
Então, Ele Jogou A Pedra Fora E Se Sentiu Muito Melhor. 
Em Seguida Veio Outro Caminhante Que Lhe Perguntou : 
- Diga-Me, Cansado Viajante, Por Que Carrega Essa Abóbora Tão Pesada ? 
- Estou Contente Que Me Tenha Feito Essa Pergunta, Disse O Viajante, Porque Eu Não Tinha Percebido O Que Estava Fazendo Comigo Mesmo. 
Então Ele Jogou A Abóbora Fora E Continuou Seu Caminho Com Passos Muito Mais Leves. 
Um Por Um Pelo Caminho Foi Avisando-O A Respeito De Suas Cargas Desnecessárias. 
E Ele Foi Abandonando Uma A Uma. Por Fim, Tornou-Se Um Homem Livre E Caminhou Como Tal. 
Qual Era Na Verdade O Problema Dele ? A Pedra E A Abóbora ? 
Não. 
Era A Falta De Consciência Da Existência Delas. 
Uma Vez Que As Viu Como Cargas Desnecessárias, Livrou-Se Delas Bem Depressa E Já Não Se Sentia Mais Tão Cansado. 
Esse É O Problema De Muita Gente. Carrega Cargas Sem Perceber. 
Não É De Se Estranhar Que Estejam Tão Cansadas ! 
O Que São Algumas Dessas Cargas Que Pesam Na Mente De Uma Pessoa E Que Roubam As Suas Energias ? 

A. Pensamentos Negativos. 
B. Culpar E Acusar Outras Pessoas. 
C. Permitir Que Impressões Tenebrosas Descansem Na Mente. 
D. Carregar Uma Falsa Carga De Culpa Por Coisas Que Não Poderiam Ter Evitado. 
E. Auto-Piedade. 
F. Acreditar Que Não Existe Saída. 

Todo Mundo Tem O Seu Tipo De Carga Especial, Que Rouba Energia. 
Quanto Mais Cedo Começarmos A Descarregá-La, Mais Cedo Nos Sentiremos Melhor E Caminharemos Mais Levemente.

sábado, 19 de novembro de 2011


O que é viver bem?!
Um repórter perguntou à Cora Coralina o que é viver bem? 


Ela disse-lhe: “"Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice. E digo prá você, não pense. 

Nunca diga estou envelhecendo, estou ficando velha. Eu não digo. Eu não digo estou velha, e não digo que estou ouvindo pouco. É claro que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso. 

Procuro sempre ler e estar atualizada com os fatos e isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida. O melhor roteiro é ler e praticar o que lê. 

O bom é produzir sempre e não dormir de dia. 

Também não diga prá você que está ficando esquecida, porque assim você fica mais. 

Nunca digo que estou doente, digo sempre: estou ótima. 

Eu não digo nunca que estou cansada. Nada de palavra negativa. Quanto mais você diz estar ficando cansada e esquecida, mais esquecida fica. Você vai se convencendo daquilo e convence os outros. Então silêncio! 

Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velha não. Você acha que eu sou? 

Posso dizer que eu sou a terra e nada mais quero ser. Filha dessa abençoada terra de Goiás. 

Convoco os velhos como eu, ou mais velhos que eu, para exercerem seus direitos. Sei que alguém vai ter que me enterrar, mas eu não vou fazer isso comigo. 

Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes. O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade. 

Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça. Digo o que penso, com esperança. Penso no que faço, com fé. Faço o que devo fazer, com amor. 
Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende.” 

"Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir."

Perdão


Progresso é a soma dos problemas solucionados.
Evolução é barreira vencida.
Dificuldade é medida de resistência.
Tribulação é o cadinho da fé.
***
Perdão e tolerância são alavancas de sustentação da nossa paz íntima.
***
Em suma, para quem quiser na Terra trabalhar e progredir com mais saúde e paz, alegria e
segurança, vale a pena perdoar constantemente para viver melhor.
***
Se te propões a colaborar no levantamento do bem de todos, não desistas de agir e servir.

Emmanuel

sexta-feira, 18 de novembro de 2011


O suicídio que não se consumou

Extraído do livro Evite a rota do suicídio,
de Wellington Balbo/Arlindo Rodrigues/Alfredo Zavatte

Maria Julia, jovem bonita de 19 anos certo dia bateu exasperadamente na porta da sala da diretora da escola, dona Clotilde. Sabia que a diretora era mulher generosa, amiga e sempre ouvia os alunos em seus problemas. Por isso mesmo sentira um ímpeto incontrolável e a procurara. Precisava desabafar, pois enfrentava problemas de diversas ordens e o desespero começava a assolar sua alma inquieta e indecisa, porquanto Maria Julia era criatura muito ansiosa e, não raro, fazia dos mínimos percalços grandes e intransponíveis problemas.
Na família nada caminhava bem. Seus pais brigavam constantemente e estavam em vias de se separar. Suicídio
Seu namoro também ia de mal a pior. Não sentia mais a empolgação de Leonardo – seu namorado -  por ela, e certamente o fim estava próximo.
Além de tudo Maria Julia deparava-se com a cobrança de seus pais que mesmo brigando entre si a sufocavam com a escolha da profissão a seguir. Sua mãe constantemente questionava:
 - Já escolheu qual o curso que irá prestar no vestibular, Maria Julia?
 - Tenho algumas dúvidas, mãe, ainda não sei ao certo.
 - Então decida logo, menina!
O pai não deixava por menos e era justamente apenas nas cobranças à Maria Julia que ambos concordavam:
 - Isso mesmo, menina. Decida-se logo,  pois não irei pagar mais um ano de cursinho para você.
E foi nesse clima íntimo que a jovem buscou apoio na diretora da escola.
Dona Clotilde, mulher experiente em lidar com problemas, ao escutar o insistente TOC, TOC, TOC, informou:
 - Pode entrar.
Maria Julia abriu vagarosamente a porta e seus olhos encontraram o bondoso olhar de Dona Clotilde.
- Ora, ora, mas veja que é nossa querida Maria Julia. A que devo visita tão honrosa.
Ao ouvir aquilo a garota sentiu-se acolhida e foi em prantos que narrou seus dilemas existenciais para a diretora.
Dona Clotilde nada dizia, emprestando um pouco de sua atenção àquela criatura carente. Após ouvir os apelos e desabafos de Maria Julia, Dona Clotilde pôs-se a fazer algumas considerações adequadas.
Disse à jovem sobre sua importância na sociedade, falou de suas potencialidades a desenvolver e da relevância de encarar os obstáculos da vida como fases significativas para o amadurecimento como ser humano.
Enfim, a nobre diretora encorajou Maria Julia a superar toda aquela situação.
Após 1 hora de conversa embalada por grande respeito e afeição, Maria Julia despediu-se mais animada. Sim, tudo na vida teria solução desde que ela encarasse os desafios de frente e não fugisse deles.
Ao chegar em casa mais aliviada e sentindo-se outra pessoa, a jovem tratou de jogar no lixo todos os remédios que estavam em sua escrivaninha e serviriam para o seu suicídio, que ela já havia planejado e consumaria tão logo retornasse da escola.
Seus olhos físicos não podiam ver, mas naquele ambiente dois espíritos amigos abraçavam-se com alegria, pois Maria Julia captara a sugestão mental de procurar a diretora como última alternativa antes de exterminar a sua própria existência.
Felizes com a decisão da jovem em prosseguir na jornada humana, os amigos espirituais comentavam entre si:
 - Veja o quão importante é um minuto de atenção, Fábio.
 - Sem dúvida, André. Houvesse a diretora desprezado o apelo de Maria Julia e hoje teríamos aqui mais uma alma entrando no mundo espiritual pelas enganosas portas do suicídio.
 - Abençoada atenção, Fábio. Abençoada atenção!

Reflexão:
A atenção poupou uma pessoa de séculos de dores e dissabores no mundo espiritual. No entanto, parece que atualmente vivemos em um mundo desatento. As pessoas sempre ocupadas com seus afazeres, com suas conquistas, com sua vida, esquecem de oferecer ao outro um pouco de atenção.
Há pais que não dedicam atenção aos filhos. Há filhos que não têm tempo para ganhar com seus pais. Há professores que se julgam ocupados demais para ouvir os problemas dos alunos e há amigos inacessíveis ao extremo que não têm tempo para dar um simples telefonema ao outro.
É preciso combater essa crônica falta de tempo com um pouco mais de organização.
Inconcebível não termos tempo para apreciarmos as maravilhas da existência; os filhos, amigos, as flores, a natureza, a leitura...
Parece que queremos chegar em algum lugar que não sabemos exatamente qual é, por isso corremos, corremos, corremos, numa autêntica fuga da vida e das coisas que realmente importam.
E a vida passa de forma rápida. Crescem os filhos, envelhecem os pais, desencarnam os amigos...
E continuamos nós, envolvidos numa das mais lamentáveis epidemias: a crônica falta de tempo para o que realmente interessa.
Sabemos de casos em que o suicídio foi um PEDIDO DE ATENÇÃO, por parte de pais, filhos, amigos, avós...
Um grito desesperado para que fossem ouvidos, sentidos, notados. Infelizmente que esses gritos terminam sempre no caixão.
Jesus nos recomendou “Orai e Vigiai”, e consideramos necessário ampliar um pouco mais a visão sobre esse VIGIAI. Certamente o mestre queria dizer para vigiarmos também a vida dos outros.
Mas não se assuste!
Não se trata de vigiar a vida alheia no intuito de podar o livre arbítrio, perseguir, julgar e condenar.
Este é um vigiar mais brando, pacífico, benéfico. É vigiar para saber as companhias de nossos filhos. Vigiar para saber se nossos pais e amigos necessitam de mais atenção, amor, carinho... vigiar para saber se precisam de apoio e ombro amigo...
Reflitamos neste ponto, porquanto, com toda certeza: UM MINUTO DE ATENÇÃO PODE, SIM, SALVAR UMA EXISTÊNCIA, POUPANDO-A DAS DORES IMPOSTAS PELO SUICÍDIO.
Wellington Balbo (Bauru – SP)
Wellington Balbo é professor universitário, escritor e palestrante espírita, Bacharel em Administração de Empresas e licenciado em Matemática. É autor do livro "Lições da História Humana", síntese biográfica de vultos da História, à luz do pensamento espírita, e dirigente espírita no Centro Espírita Joana D´Arc, em Bauru.